quarta-feira, 31 de maio de 2023

Salvé, 31 de Maio de 1924!

 Era 31 de Maio, a Primavera de luz resplandecia

Como em 13 de Maio aos inocentes pastorinhos

Cheia de Luz Celestial, Rainha do Mundo, Maria,

Em Manto Divino Estrelado, Paz e Amor ela anuncia!

Fazendo de alegria chilrear os inocentes passarinhos.

 

Nesse Dia Bendito vinha sorriso à Luz do dia!

Uma Menina de Graça Maternal, um Primor,

Crescendo em sua meninice plena de alegria

Que em breve, porém, a doença cruel envolvia

Naquela enfermidade pérfida e plena de Dor.

 

Mas a força de seu Amor, da sua Luz, tanta era

Que, mesmo na Dor, seu sonho em belas flores voou!

E, seja naquela como em toda a seguinte Primavera,

Em Mãe sua Alma sublime plasmou, que não quimera

Mas Amor, Mulher, sofrendo embora, toda se doou!

 

Mãe, naquele dia teu rosto lindo, sereno, sublime, dormia,

Na Paz de Maria, belo, delicado, ameno e sempre Forte!

Tua auréola de Mulher e Mãe até na despedida me sorria,

Presente de Amor Infindo que seu Fruto sempre recebia,

Mesmo banhado de Saudade em teu Ninho de Morte!

 

Mãe, foi-se tua Presença Querida de meus olhos, sem razão!

Maria te levou, Maria no Céu, a Maria Mãe de Deus Amigo!

Mãe Querida, que cantavas, para eu dormir, linda canção!

Mãe, em Saudade Infinda, sempre comigo, aqui, neste Coração

Que só pede que tuas Asas de Ternura me levem ter Contigo!

 

 

Francisco

 

31 de Maio de 2023

terça-feira, 18 de março de 2014

OLHO VIVO …

Olho vivo,                                              
bem aberto 
e altivo,
franzina, 
desafiando
seu apressado porvir. 
Menina,
botãozinho
cheio

e desperto, 
em seu ninho
a sorrir! 

Era um raminho
de seu maternal seio
acordando 
bem cedinho,
um coraçãozinho
florindo!

Depois … Riti,
toma a papinha!

Tal um passarinho,
sorrindo, 
voa do ninho
e asinha!

Isso é p’ra ti!
já sou crescidinha,
sei bem o caminho!

É agora uma Flor!
às vezes sisuda 
mas ordenada,
sonhando 
com sua verdade,
obstinada 
na sua vontade.

Nem sempre o Fado
é desventura!
E eu tenho um Amor,
bem cedo acordado,
é verdade, 
e em tempo de dor,
mas que cresceu 
e floresceu, 
um agasalho 
de ternura.

domingo, 2 de março de 2014

MÃE, TU TAMBÉM ÉS MARIA


Pequena,
franzina,
morena,
a sofrer 
desde menina,
quando a aliança
entre a fantasia
e a esperança
era ainda rainha.

Dia a dia,
dorida,
seu ser 
se doou
a gerar vida!
E sempre sorria,
contente!
Nem o tormento,
a dor
da partida
de um rebento,
lhe suavizou 
seu presente
de amor! 

Mãe, ó MÃE!
Naquele dia, 
teu rosto ameno
como um passarinho, 
sereno,
deitado,
dormia
em seu ninho
de Morte!
E sorria,
belo, delicado, 
forte!
E não compreendia
a dor
da separação,
ainda resplandecia 
numa oração
de bondade
e Amor!

MÃE!
E a saudade?

E tu, ternamente,
sorrindo:

Meu menino,
é amor
também
florindo
no teu coração
de gente,
pequenino!

A tua bondade
é infinda!
Tive tanta sorte
por seres a minha MÃE!
És tão linda!
Sempre tão forte
no Amor!

Lembras-te daquele dia
em que, alvoroçado,
te dizia,
afogueado 
de emoção?

MÃE, vou p’ra escola!

E com que alegria
me preparaste
e na minha mão
colocaste
a sacola, 
sorrindo!

Vai, pequenino,
vai indo,
vai abraçar 
teu sonho de menino,
teu desejo de saber! 
Vai rir e saltar, 
e aprender!

MÃE!
E a redacção
que me ensinavas,
enquanto cosias
e remendavas?

E a canção
que cantavas
contente 
e com doçura,
para eu dormir?

E nada pedias, 
só davas
ternura,
eternamente
a sorrir!

Ó MÃE, minha MÃE!
O teu carinho
não tem fim!
Teu ninho
só de Amor 
construído, 
com muita dor 
mas nunca vencido,
foi um Jardim
florido! 

Por isso, também
não o vencerá 
a morte,
não!
Que o amor 
é mais forte
que a dor
e o meu coração 
nem um dia
te esquecerá!

MÃE,
tu também
és MARIA!

SAUDADE


Cada vez que estou contigo, olho à minha volta, ansioso
Nestes sonhos de encontros de meiguice em noite imensa
Que me surgem em vagas alterosas de dor intensa
Onde se destaca, iluminado e belo, teu rosto tão formoso!

Ó minha MÃE, meu rosto doce, delicado e tão amigo!
Desde a aurora a embalar meu ser, sempre de amor sorrindo
Se te vejo tão sublime no meu sonho, teu rosto florindo
Pede a Deus que bem depressa me leve em suas asas ter contigo!

Mas o sonho acaba, teu rosto paira sorrindo, esvai-se e desvanece,
Dos meus braços vais fugindo, em pedacinhos, como eu, angustiada,
Fecho os olhos, penso em ti, alma pura, rosto embevecido de bondade!

O dia aclara, a alma sangra, grita e enlouquece
Sensível à dor ingente da despedida amargurada
Para mais uma tortura infinda da saudade!

Ó MONTES QUE TÃO ALTO ELEVAIS …


Ó montes que tão alto elevais
Os cumes das montanhas pedregosas
Que nem as ventanias abrigais
E encheis de gelo nossas almas dolorosas!

Se em ti eu confiava como abrigo
Das marés da vida tão ventosas
Tu me recusaste dar consolo amigo
Expondo minhas dores a invernias rigorosas!

Teu fresco ar em redemoinhos anelado
Mitigam da minha alma a amargura
Deixai-mo ao menos respirar deleitado!

E quando chegar o dia do Final Juízo
Minha alma ao Céu se eleve, fresca e pura
Para gozar da paz do Eterno Paraíso!

QUANDO ESTOU TRISTE ...

Quando estou triste, assim triste,
Afogo meu Fado em meus Fados.
Meu Fado me enjeita e resiste
Ao trinar dos acordes magoados!

É meu Fado estes meus brados 
De Saudade, meu Fado, infinda, 
Por Coimbra, nos meus Fados
A Cidade minha, linda, linda!

Ai, meu Fado, estes meus Fados,
Lamentos tristes, tristes, são Dor
Da ausência, meu Fado, do sofrer! 

E não me valem, meu Fado, os trinados
De meus Fados que cantam ao Amor,
Que estou longe, meu Fado, sem a ter!

SE AS PRIMAVERAS ME ENFEITASSEM …


Se as Primaveras me enfeitassem
Os brancos cabelos e a postura
E os verdes anos me adornassem
Nesta idade ora tão madura,

Colhia uma flor no meu jardim,
Ofertava-te meu coração numa bandeja, 
Pedia a tua mão só para mim,
Rosto lindo, lábios de cereja!

Mas foi-se embora a mocidade,
À Primavera ela disse adeus
Deixando em meu ser só a saudade

Dos jardins plantados de flores!
Suplício vero de pecados meus
Céu que não atende minhas dores!